terça-feira, 10 de maio de 2011

Conselhos de uma lagartixa.



Outro dia me peguei pensativo no banho. É sempre ali, o lugar perfeito, fico pensando, pensando, pensando e parece que nunca tem fim. Me fazia companhia uma simpática lagartixa, bonitinha e grudenta, bem na parede ao meu lado, talvez fazendo uma sauna. Vendo ela assim parada, me olhando, lembrei de minha cadela, Susie, que faleceu no inverno passado. Aquela sim era uma boa companhia, primeiro me sujava todo, pulava, mordia, depois quando cansada, ficava ali, deitada do meu lado, sempre encostada em mim, como quem dizia: manda bala, conta tudo. E realmente funcionava, quando terminava de falar, ela ainda estava ali, não saía até eu me levantar. Saudades. Olhei mais um pouco para aquela lagartixa e fiquei instigado, ela me olhando, quieta e paciente, logo imaginei: não será a reencarnação de minha cachorra, sempre fiel, ali, esperando pelas minhas palavra pra só depois ir embora? Que seja, decidi conversar com ela um pouco. O banho que outrora demorava 10 minutos, desta vez demorou 30. Falei, falei, falei e silenciei. Segundos após, quando ia por a mão no registro para fechar o chuveiro a lagartixa se mexe, olha novamente para mim e diz: Gabriel, você é um besta! Não vês o que é preciso ver, o que até eu consigo ver daqui, grudada nesta parede. Apenas por alguns minutos, abra os olhos do coração e feche os da razão. Depois disso se virou, balançou o rabo e foi embora. Parei por alguns segundos, inerte, olhando para a parede rachada do banheiro. Pensei comigo: Que diabos, estou me aconselhando com uma lagartixa! Fechei o registro, me sequei e fui dormir.

Um comentário:

  1. Salve São Gabriel Francisco...lendo essa linda interação entre você, a lagartixa e a finada Susie, identifiquei-me com essa narrativa pois, certa vez, ocorreu-me um diálogo com uma carochinha (joaninha)...num acampamento, junto a uma cachoeira e com muita natureza na cabeça, uma carochinha pousou em minha mão e eu comentei "olha, essa carochinha é verde e amarela igual a cor da bandeira do Brasil"..então, pra minha surpresa, ela permaneceu pousada em minha mão, fitou meus olhos, balançou as azinhas e a "ouvi" replicar: "ei, a bandeira do brasil é que tem as minhas cores, pois meus antepassados chegaram nessa natureza antes do Brasil"...
    huahua...pois é...aproveitei o ensejo de uma quarta-feira chuvosa e sem muito trampo, pra comentar essa bela postagem, do meu grande amigo e gênio, que ficará para a posteridade, Gabriel Moicas....
    abraços. Fena

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