quinta-feira, 28 de abril de 2011

Do arquivo secreto.


Já devo ter copiado esse texto para colar no blog pelo menos umas 5 vezes, sempre volto atrás e deleto. Confesso ter um pouco de receio em postar alguns escritos do meu arquivo particular. Mas quer saber, esse texto fala justamente sobre isso e creio que posta-lo aqui já é um grande passo.

Das coisas que não aprendi nos discos, nem nos livros, nem em lugar algum.
Quando jovem, o amor não é fácil, pelo menos para mim, nunca foi. O colegial que parece tão mágico nas lembranças, não era tão divertido assim, lá é que brotaram os primeiros frutos, as primeiras experiências que hoje praticamente esquecemos, mas que na época vivemos, sentimos. Tudo sempre tão novo, tão incerto, tão ingênuo, coisas que eram para ser vistas, não eram. A grande dificuldade sobre qualquer coisa, sempre foi a de aprender sozinho, talvez o medo, a timidez, a falta de confiança ou a simples dureza masculina em falar de assuntos do coração. Sobrevivi, pouco a pouco, disfarçando os sentimentos, trocando de assunto e fazendo de conta que não se importava, que estava tudo certo, o tempo todo. Funcionou bem, me machuquei pouco, pelo menos é o que sempre pensei.
Contudo, tenho a impressão de que os machucados que foram substituídos por aranhões, deixaram uma cicatriz ainda maior. Acho que aprendi a esconder meus sentimentos de maneira tão eficaz, que hoje quando paro e olho, percebo que o inverso ocorre, o que antes protegia agora impede, impede de falar o que tem que ser dito, o que a natureza exige para que algo aconteça, a mínima gota de água que dá vida a semente. Do contrario a semente sempre será uma semente e como todas as outras que foram a terra e não ganharam irrigação, há de secarem, serem esquecidas, substituídas, em um constante ciclo vicioso de solidão.

domingo, 17 de abril de 2011

Um pouco do que vejo.


 Os domingos são longos, sempre eles, em todo final de uma semana, eles vem e te avisam novamente: - Olá caro mancebo promissor! Amanhã tens que trabalhar, lembra-te?
E daí o desconforto é imediato, pensas que tens que aproveitá-lo, mas pensas também que queres descansar, uma vez que você é um maldito mandrião boêmio que bebe todas, todos os sábados. Por fim, na maioria das vezes opto por descansá-los e no fim chego a conclusão de que há tempos tenho a mesma visão, bem daqui onde estou, digitando este texto. Algo de bom, admito, apesar de ser um quarto bem bagunçado o meu, mas animador por alguns instantes, como este.
De onde estou consigo ver bem algumas pilhas de DVDs, os novos, que ainda não levei para a Fábrica (leia-se escritório) nem todos legíveis, só os de letras grandes – Corra Lola Corra, Easy Rider, Valsa com Bashir, O Mágico de Oz e Blue Velvet – mais abaixo perto do chão, um belo Tarapaca Cabernet Sauvignon, em uma garrafa bonita, ainda com as etiquetas, uma de preço e outra da bandeira. Na parede um violão empoeirado pelo pouco uso, algumas fotos que lembram bons momentos e cartões postais dos amigos distantes. Ao lado da cama, no bidê, caixas de remédio me advertem que a boemia tem limites, enquanto meus óculos de sol, bem ao lado, dizem o contrario. Acima do bidê, atrás de mim, a janela mostra o céu, hoje tímido e sem lua.
Enfim, por falta de inspiração, motivação e pela preguiça iminente que domina meu corpo me impedindo de escrever coisas bonitas, termino esse texto aqui, até por que já passa da meia noite e isso indica duas coisas: 1- já é segunda-feira, 2- tenho que tomar outro comprimido.

...

 
"Ficam em Paris uma semana, o dia inteiro e a noite inteira juntos. Tomam banho juntos. Beijam-se com a boca cheia de comida, com a boca cheia de pasta de dentes, com o rosto molhado, com o rosto ensaboado. Ficam dias inteiros no quarto, rompendo os limites da imaginação e do corpo, como ela diz. Ele faz imitações de atores famosos, Cagney, Bogart, Karloff. Ela imita atrizes de filmes B, fazendo strip-tease."
                                                  
                                              (Rubem Fonseca)

(Foto: Acossado - Jean-Luc Godard)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reserve, no mínimo, 1 min. e 58 seg. do seu dia para sonhar.

mais amor por favor


mais amor por favor from vjsuave on Vimeo.

Belíssimo resultado da parceria entre os artistas Ygor Marotta (BR) e Cecilia Soloaga (ARG).
Intervenção urbana nas ruas de São Paulo. Mais do que justo!

 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

...


"Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou..."
                                                               (Samuel Rosa / Nando Reis)